Cultura Gramado

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Secretaria da Cultura

terça-feira, 10 de maio de 2011

HOMENAGEM AO GRANDE TRADICIONALISTA TIO LÚCIO PETERSEN

"O Gauchismo em Gramado !

Abrindo a porteira do pensamento, reflito sobre o gauchismo em Gramado.
Aprendi em casa, os bons costumes, valores, sentimentos, enfim, decência. Aprendi em minha casa, com aminha família, o que realmente é “o ser gaúcho”. E um pouco também nos livros, no colégio.
Mas tive a honra de conhecer o gauchismo em pessoa. Ele morava na Rua Augusto Zatti, nº 169 e se chamava LÚCIO PEREGRINO PETERSEN.
Ahhhhhhh.......... TIO LÚCIO !!!!!!!
Que Categoria !!!!!
Eu era bem mais moço, uns 20 e poucos anos talvez...... e me lembro nitidamente de um gaúcho sainda à cavalo no centro da cidade..... sempre, ou quase sempre acompanhado de um Gaúcha....... meiga, carinhosa, destemida, sua eterna companheira.....TIA CILDA.
Bons tempos....... queria eu ter aproveitado mais as oportunidades que tive de conviver e aprender contigo.....
Ensinaste o Sebastião e o Mariano (teus filhos) a encilhar um cavalo...... e eu tive a honra de aprender isso contigo também.
E o teu Cavalo ?????!!! O Fandango !!!!! Que pingo de lei.........!!!
Por certo devem ter se encontrado já........ e lá por cima devem estar fazendo alguma gauchada.........
Dando voz ao sentimento, quero somente dizer que viveste tentando fazer o bem........ e conseguiste !!!!!
O meu pai e minha mãe são filhos únicos, portanto não tenho primos nem tios em primeiro grau.
Mas afirmo com certeza que muitos gramadenses perderam um TIO de verdade, assim como eu...........
TIO LÚCIO !!! Dê um abraço na Nossa Senhora de Lourdes e mande lembranças à São Pedro, o nosso capataz da estância grande.
Mais tarde nos encontramos ai por cima.........
Saudades......
Todos teus sobrinhos (emprestados), teus amigos......"


Por: Pepeu Gonçalves
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O amor de Tio Lúcio pelo Tradicionalismo Gaúcho
Lúcio Petersen era um apaixonado pela cultura gaúcha, chegando até a construir um museu com 1500 peças sobre o tradicionalismo da região.

No dia 20 de abril de 1966, Lúcio Petersen, então com seus 46 anos, resolveu fundar um CTG na sua terra natal, Gramado, chamado Rodeio Velho.

Tornou-se patrão do CTG, pois sempre gostou do tradicionalismo gaúcho. Sua família o criou embasado nos laços culturais do Rio Grande do Sul. Teve dois filhos homens e uma filha mulher e todos seguiram seu exemplo.

Quando, em 1966, teve a oportunidade de deixar marcado para a posterioridade todos os ensinamentos que teve, Lúcio não se esquivou e construiu um CTG para conservar esta cultura. “O nosso CTG teve como principal objetivo, desde a sua criação, o desenvolvimento e a conservação do movimento tradicionalista”, lembrava Lúcio.

Por isso, ele fez algo totalmente inovador em relação aos demais. Construiu um prédio na rua Augusto Zacci, número 55, onde instituiu a sede do CTG e inseriu nele um museu e uma biblioteca.

O museu tornou-se um acervo muito atrativo a todos aqueles que gostam e querem se informar sobre a cultura gaúcha, devido às 1500 peças que possui. “Muitas professoras trazem seus alunos para conhecer o museu e eu vou contando um pouquinho da história gaúcha a eles”.

Mas, conforme afirmava Lúcio, quem mais sente curiosidade em conhecer o museu são os turistas. “Veio uma vez uns alemães para cá e ficaram admirados, não paravam de fazer perguntas”, lembrava o então patrão do CTG.

Para conseguir tantas peças ele revelou que as vinha colecionando há 60 anos, o mesmo tempo em que é casado. “Eu tenho peças que guardei, presentes que me deram...e tudo foi juntando e formando o que há hoje”, comentava.

Assim, entre os objetos, encontra-se freios, rédeas, rabichos, fiadores, arreios, selim (encilha para as prendas), botas de garrão de pôtro, que forma as primeiras botas usada por gaúcho.

O lugar é dividido em painéis. Cada painel é construído para um determinado tipo de pessoa. Assim, há o painel, por exemplo, do guri, onde há tudo o que um pai tinha.

A mais antiga peça é uma bolhadeira, datada de 1820. Há muitas lanças da Revolução Farroupilha, que datam de 1835, 1845. 
Tio Lúcio, como era conhecido o maior tradicionalista da história de Gramado, ainda em vida, mas com idade avançada, demonstrava empolgação de guri quando perguntado sobre o tradicionalismo gaúcho. Dizia ele:

“Eu sou aposentado, então posso ir a qualquer momento. É só marcar um horário que eu tenho o maior prazer em receber as pessoas que se interessam pela cultura gaúcha”.

E para quem quisesse fazer parte deste CTG, Lúcio advertia que não era nada fácil. Devia-se fazer umas provas sobre conhecimento da história do Rio Grande. Além disso, tinha que saber fazer chimarrão, comida campeira e domar cavalos, dentre outras habilidades campeiras.

Tio Lúcio nos deixou de corpo, mas o seu brilhante trabalho em prol das tradições gaúchas jamais será esquecido. Um forte quebra-costelas à família e amigos desse que foi o maior tradicionalista que trilhou por estes pagos. Que o Patrão Velho lá de cima te receba, como mencionou o Pepeu no texto acima, montado no seu querido parceiro, o cavalo Fandango!!!!

Gracias por tudo Tio Lúcio!!!!!!


 Fontes: Inema / Pepeu Gonçalves / CTG Rodeio Velho

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